Texto de Caio Vilela / Foto de Ignacio Aronovich
(Reportagem publicada originalmente na National Geographic de junho de 2013)
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Maximo Kausch escala os maiores picos dos Andes em um frenético ritmo de atleta. Movendo-se da base de uma montanha à outra com a ajuda de uma moto, ele tem meio caminho andado no audaz e duradouro projeto para medir in loco as altitudes de todos os 113 cumes andinos acima de 6 mil metros. A empreitada acontece nas horas vagas, pois Kausch trabalha como guia de alta montanha, conduzindo grupos da Summit Climb, empresa de expedições do americano Dan Mazur. Morando, nessas temporadas de escalada, em acampamentos-base no Paquistão, no Nepal e no Tibet, o paulista de Itatiba – nascido em Córdoba, na Argentina, onde viveu até os 7 anos – já esteve além dos 8 mil metros em 11 ocasiões. Seu objetivo não é acumular conquistas, mas garantir a segurança e o sucesso dos clientes, além de mapear rotas para futuras expedições.
Você vem explorando a cordilheira dos andes. Qual é a motivação?
A ideia é prestar um serviço voluntário de fomento ao montanhismo. Os dados das rotas traçadas e cumes alcançados são disponibilizados no rumos.net.br, site administrado pelo altamontanha.com, mas também publicados no Wikiloc, diretório especializado em rotas de GPS, e no summitpost.com, site americano com dicas de montanhismo. Faço fotos de 360 graus nos picos e já concluí o mapeamento minucioso de mais de 30 cumes no Himalaia e 150 nos Andes. As rotas aparecem com informações detalhadas no Google Earth, e os dados estão disponíveis nesses sites.
Você não tem medo de morrer? Que tipo de situação o assusta?
Não penso na morte porque vou precavido e focado nas particularidades técnicas de cada escalada. Sempre tenho um plano B. Mas me preocupo, por exemplo, em adentrar lugares pouco mapeados, como a Puna de Atacama, região fronteiriça entre o Chile e a Argentina, onde há minas terrestres espalhadas pelo governo chileno em 1978. Na alta montanha, fico tranquilo.
Quando se está sozinho, tudo é questão de cálculo. Você sempre sai para suas aventuras sem um parceiro?
Não. Na cordilheira Blanca peruana, é impossível escalar sozinho. A maioria das escaladas no Peru requer um companheiro, pois as condições de ascensão são muito técnicas. Há montanhas sem registro de subida. Picos como o Jatunhuma, também chamado de pico 3, ou o Jatunpampa, aparentemente nunca foram escalados. É difícil encontrar um parceiro que tenha tanto tempo disponível e bom preparo psicológico.
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